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HEPATOTOXICIDADE...

O uso clínico do Halotano é limitado devido à sua associação com problemas hepáticos que, segundo o National Halothane Study (1966), se dividem em duas formas distintas:

 

  • Na primeira forma existe um aumento moderado das transaminases, mas reversível.

 

  • Já a segunda forma carateriza-se pelo desenvolvimento de hepatite severa, que se apresenta por uma necrose massiva do fígado, podendo ser fatal. A incidência da hepatite aumenta com a re-exposição ao Halotano, o que indica a existência de uma etiologia imunológica.

 

O metabolismo do Halotano pode ocorrer por duas vias:

 

  • Via redutiva mediada pela CYP3A4 e CYP2A6;

 

Leva à formação de radicais livres que, após outra redução e eliminação de flúor, origina hidrofluorocarboneto (CF) e hidroclorofluorocarbonetos (DCHCl).

Sendo esta a via que conduz ao aumento moderado das transaminases.

 

  • Via oxidativa que envolve, principalmente, a CYP2E1.

 

Leva à formação de cloreto de trifluoroacetil (TFA), que é um electrófilo intermediário capaz de se ligar de forma covalente às proteínas.

Estas espécies podem reagir com a água, formando o ácido trifluoroacético e ser excretadas na urina, ou podem formar ductos proteicos de TFA, que estabelecem antigénios na hepatite induzida pelo Halotano.

A ligação ocorre em proteínas intracelulares. Porém, também já foram relatos a expressão de ductos TFA-CYP2E1 na superfície dos hepatócitos, promovendo um possível mecanismo de apresentação do antigénio às células do sistema imunitário.

 

Os ductos de TFA não ocorrem só com o Halotano.

Outros compostos como os hidroclorofluorocarbonetos (HCFCs) também formam ductos, que são semelhantes aos do Halotano.

 

A forma como a CYP2E1 metaboliza o Halotano depende do teor de oxigénio disponível.

 

Na presença de uma baixa pressão de oxigénio, a CYP2E1 metaboliza o halotano por uma biorredução, resultando na clivagem do composto num ião bromido, que é um bom grupo abandonador, e num radical de trifluorocloroletilo.

O radical formado reage com uma molécula de ácido gordo, retirando-lhe o hidrogénio. Este acontecimento vai levar a toxicidade direta através da peroxidação lipídica.

 

Já na presença de uma alta presão de oxigénio,  esta via de redução pode ser "falseada", sendo esta a razão pela qual se deve manter alta a pressão de oxigénio durante a anestesia com Halotano.

Nestas circunstâncias, a CYP2E1 oxida o Halotano com a adição de grupos hidroxilos. Novamente, o ião bromido é libertado e forma-se o TFA, que já foi mencionado acima.

 

(Boelsterli 2007)

(Park et al. 2001)

Mecanismo do Halotano na hepatotoxicidade.

 

(Park et al. 2001)

Citocromo P450.

CYP2E1

 

- Metaboliza vários substratos pequenos e hidrofóbicos e fármacos.

 

- Importante na atividade da NADPH oxidase.

 

- Importante na metabolização e ativação de vários compostos, tais como o etanol e o halotano.

 

- Tem como substratos alguns pro-carcinogénios, tais como nitrosaminas e compostos azo.

 

(Lu and Cederbaum 2008)

Ação da CYP2E1 no Halotano consoante o teor de oxigénio disponível.

 

(Boelsterli 2007)

Referências Bibliográficas

 

Artigos e Livros Online

 

Boelsterli UA (2007) Immune Mechanisms: Immunosuppresion by xenobiotics Mechanistic Toxicology: The Molecular Basis of How Chemicals Disrupt Biological Targets, Second Edition. Taylor & Francis, p 270-273

 

Lu Y, Cederbaum AI (2008) CYP2E1 and oxidative liver injury by alcohol. Free Radical Biology and Medicine 44(5):723-738 doi:http://dx.doi.org/10.1016/j.freeradbiomed.2007.11.004

 

Park BK, Kitteringham NR, O'Neill PM (2001) Metabolism of fluorine-containing drugs. Annual review of pharmacology and toxicology 41:443-70 doi:10.1146/annurev.pharmtox.41.1.443

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